um reservatório de ideias ligadas ao Direito, à História, à Economia, à Sociedade e à Monarquia Portuguesa

24
Nov 09
Sempre que posso estimulo entre os meu amigos e colegas a apreciação da Monarquia.

Entre a aceitação geral que tenho conseguido, pelo menos a constatação por parte dos meus colegas que uma Monarquia não é um bicho de sete cabeças nem uma alternativa ridícula à República, contam-se também os casos em que tenho de combater (metaforicamente falando, claro) com os republicanos e os "monárquicos visigóticos".

 

Os monárquicos visigóticos não são monárquicos. Sâo republicanos que, a aceitar esta ideia de monarquia, só a aceitariam nos moldes electivos da antiga Monarquia Visigótica (com óbvias adaptações).

 
Ora, o modelo da monarquia electiva destrói todas as vantagens que os defensores da Monarquia proclamam.

A questão da legitimidade do Monarca perde-se, mais uma vez, na luta sectária pela eleição do Chefe de Estado, mais fanática ainda por esta eleição só se repetir num futuro incerto, e portanto, por haver mais a perder da parte da facção perdedora.

 

Um Monarca é um símbolo de Compromisso e União, não é um cargo político da República (no sentido de res publica). Assim sendo, não faz sentido esta legitimação popular, baseado em pressupostos materialistas, quando a ideia de Monarquia exige um sentido apurado de Humanismo.

 
A mesma justificação parece-me acertada para negar a legitimidade de um Rei referendado.
Os direitos do Rei não são os mesmos que os Direitos do Presidente, ou outro órgão eleito.
 

Enquanto limitação da Democracia, o Rei não se deve confundir com esta. E a Democracia, para não ser nociva ao Estado de Direito, tem de conter alguns pressupostos fundamentais, sendo que o mais importante seja, a meu ver, a limitação no tempo de cada resultado eleitoral.

 

O António de Almeida, que gentilmente comentou o meu último texto, pergunta-me como "Portugal poderá um dia passar da República à Monarquia?" sem um referendo.

 

Não nego que não se deva fazer um Referendo questionando a população sobre a sua opinião, pelo menos para convencer a classe política que a Questão Monárquica ainda está de pé. E, pelo que vejo, teriam os maçónicos uma bela surpresa quando saíssem os resultados.

 
Mas não é um resultado democrático que legitimará um Soberano.
Como deixei aqui já exposto, é mister que as democracia (principalmente a directa) seja usada somente nos cargos temporários.
 

Históricamente, basta vermos a fragilidade das Monarquias sufragadas para entendermos que este não é o meio mais estável para entronizar um Monarca.

 
Questionar a população seria o início de um processo, talvez.

Mas o mais importante é que a Causa Monárquica cresça espontaneamente, ou seja, com esforços redobrados por parte dos monárquicos para divulgar entre as várias classes profissionais do país, bem como as elites intelectuais e políticas, os nossos ideiais e a falta que faz ao País a Tradição.

 

Nunca se pode esquecer que num processo democrático há um perdedor e um vencedor. De um e de outro pode-se esperar de tudo, inclusivamente que mude de ideias.

 
E a Monarquia tem de ser mais do que um capricho de massas.
publicado por Manuel Pinto de Rezende às 13:38

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