Entre a aceitação geral que tenho conseguido, pelo menos a constatação por parte dos meus colegas que uma Monarquia não é um bicho de sete cabeças nem uma alternativa ridícula à República, contam-se também os casos em que tenho de combater (metaforicamente falando, claro) com os republicanos e os "monárquicos visigóticos".
Os monárquicos visigóticos não são monárquicos. Sâo republicanos que, a aceitar esta ideia de monarquia, só a aceitariam nos moldes electivos da antiga Monarquia Visigótica (com óbvias adaptações).
A questão da legitimidade do Monarca perde-se, mais uma vez, na luta sectária pela eleição do Chefe de Estado, mais fanática ainda por esta eleição só se repetir num futuro incerto, e portanto, por haver mais a perder da parte da facção perdedora.
Um Monarca é um símbolo de Compromisso e União, não é um cargo político da República (no sentido de res publica). Assim sendo, não faz sentido esta legitimação popular, baseado em pressupostos materialistas, quando a ideia de Monarquia exige um sentido apurado de Humanismo.
Enquanto limitação da Democracia, o Rei não se deve confundir com esta. E a Democracia, para não ser nociva ao Estado de Direito, tem de conter alguns pressupostos fundamentais, sendo que o mais importante seja, a meu ver, a limitação no tempo de cada resultado eleitoral.
O António de Almeida, que gentilmente comentou o meu último texto, pergunta-me como "Portugal poderá um dia passar da República à Monarquia?" sem um referendo.
Não nego que não se deva fazer um Referendo questionando a população sobre a sua opinião, pelo menos para convencer a classe política que a Questão Monárquica ainda está de pé. E, pelo que vejo, teriam os maçónicos uma bela surpresa quando saíssem os resultados.
Históricamente, basta vermos a fragilidade das Monarquias sufragadas para entendermos que este não é o meio mais estável para entronizar um Monarca.
Mas o mais importante é que a Causa Monárquica cresça espontaneamente, ou seja, com esforços redobrados por parte dos monárquicos para divulgar entre as várias classes profissionais do país, bem como as elites intelectuais e políticas, os nossos ideiais e a falta que faz ao País a Tradição.
Nunca se pode esquecer que num processo democrático há um perdedor e um vencedor. De um e de outro pode-se esperar de tudo, inclusivamente que mude de ideias.